terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Defesa


Muitos são os mecanismos de defesa. Um dia a porta se fecha e temos que deixá-la para trás. Ou entre as janelas que fechadas, míopes, respiram aliviadas por não descobrir.
Outras sãs as vantagens de levar um guarda-chuva, um chaveiro, uma ressaca quando se tem vontade de esquecer que já não vale mais nada as contas de água, luz e telefone, o nome dos seus pais; qual era mesmo aquela canção?, Aquela daquele disco de capa branca só com o nome do compositor que falava... Acho que da chuva? Era verão ou inverno naquela data? Poças de vazio e caos em frente à TV domingos à tarde inteira sobrevividos de cheiro de frango, Coca-Cola e macarrão. A nave circulando a cidade, em pé, sentado, espremido, abafado, hálito de pernas e bolsas, sapatos, doninhas mal arrumadas voltando das horas perdidas de cartão, carimbo e café. E muitas outras, várias, diversas horas desperdiçadas sem cigarros, sem vontade, sem futuro e muitas outras mais, ditas como vividas, mas apenas requentadas e quase sem sal. E sabe se lá quais os dias que não serão nossos, quais as datas, aniversários de morte que não comemoraremos, retratos guardados nas gavetas de parentes estranhos, tataraestranhos... outros graus.
Muitos são os mecanismos de defesa. Ligar pra ela.

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