De todas as coisas nessa estória, você é de fato a menos importante. Não tome isso como pessoal ou ofensivo, jamais teria eu a intenção de ferí-lo com palavras ou atitudes duras. O que gostaria de dizer é que você poderia ser esse, esse que exatamente é, ou outro, um outro completamente diferente, com outras idéias, outras palavras, outras perspectivas, outra movimentação, outra cara de domingo. Pronto. Estaríamos aí diante de algo absolutamente similar. Similar à quê? À estória. Qual estória? A nossa? À nossa. Ou melhor, à Minha.
Você vai, neste momento, me achar a criatura mais egoísta de todo o universo. É provável que levante o tom de voz e sacuda os cabelos com veemência. Acredito que também colocará as mãos na cintura, abismado, ou simplesmente dirá com aquela expressão blasé que muitos como você fariam. Como assim, Sua estória? - Você perguntará. E eu te direi que sim, sou egoísta e sim, é Minha estória. Simplesmente pelo fato de eu tê-la inventado e colorido da maneira em que eu gostaria de ver, e tê-la feita crescer, como um jardineiro que rega girassóis no seu jardim.
Dizem que um girassol nasce único em seu pé e é exatamente assim que eu sinto a Minha estória. O que você possa ter dito ou pensado pouco modificou a minha escolha de cores e a forma com que eu cuidei de cada pedacinho do começo, do meio e do fim. Da mesma forma, nada em sua aparência conseguiu influenciar a Minha construção e todas as coisas que eu esperei, esperava, espero dessa palavra tão cheia vazia de significados: amor. “Eu me perguntava se você era aquilo que eu via em você ou aquilo que eu queria ver em você.”
Noto que você continua abismado e com as mãos na cintura e eu tentarei ser mais clara nas minhas colocações. De fato, QUEM você é nunca foi algo assim tão relevante porque o que realmente importava era o fato de você ser um OUTRO. Um OUTRO que não era EU e, portanto, justamente por ser OUTRO, funcionava como algo exterior à mim, um alvo para tudo aquilo que ocupa de forma excessiva o dentro do meu peito.
Isso está ficando psicológico demais e sinto que o que eu estou tentando expressar não é tão hermético assim. Na verdade é tudo muito simples. As estórias, curtas, médias ou de longo-prazo são simples. As relações são simples. E é essa nossa tentativa de compreender que nos confunde tanto. Silêncio! Você está me confundindo. Peço que você escute, sem interpretar mais do que as minhas palavras querem dizer, a minha simples reflexão.
Não me olhe torto, o amor é egoísta. Na verdade, o que o outro quer ou pensa pouco importa. Assim como pouco importa se o outro te deseja de verdade. Claro, se duas pessoas se entendem na mesma freqüência isso facilita as coisas, simplesmente porque você conseguirá concretizar o seu ato de gostar. Mas, na verdade, o que realmente conta é o sentimento absolutamente individual de amar alguém, ou melhor, um outro. Por isso, meu tão querido, a Minha estória é o que mais importa nisso tudo e eu agradeço você por ter sido um outro que tenha me ajudado a concretizá-la.
Não faça essa cara de espanto. Tire as mãos da cintura. É claro que você foi importante, num sentido. Mas tenha certeza que se eu fosse outra e você também conseguisse depositar a Sua estória, você também se sentiria realizado. Realizado com o fato de poder estar dividindo a sua alegria com alguém. Alguém que não fosse você próprio.
E você se perguntará logo mais: então conhecer o Outro de nada vale? Ninguém é diferente? Eu poderia amar qualquer um?
Não. O amor não deve ser tão simples assim. Não pode ser que seja. Ah. E eu confesso ter ficado confusa com todas essas suas interferências! Você bem poderia ter ficado calado... Ah! Bom. Acho que só é possível ter um outro para dividir seu amor egoísta se, em algum instante, duas pessoas se encontram. E estamos cansados de saber como um encontro tem sido raro nesses tempos .
Fico satisfeita com a nossa conversa. Espero que tenha me compreendido. Se não compreendeu, isso também não há de ser um grande problema.
Agradeço pelo nosso encontro ter se dado. E fico muito feliz pelos girassóis no jardim.
Você vai, neste momento, me achar a criatura mais egoísta de todo o universo. É provável que levante o tom de voz e sacuda os cabelos com veemência. Acredito que também colocará as mãos na cintura, abismado, ou simplesmente dirá com aquela expressão blasé que muitos como você fariam. Como assim, Sua estória? - Você perguntará. E eu te direi que sim, sou egoísta e sim, é Minha estória. Simplesmente pelo fato de eu tê-la inventado e colorido da maneira em que eu gostaria de ver, e tê-la feita crescer, como um jardineiro que rega girassóis no seu jardim.
Dizem que um girassol nasce único em seu pé e é exatamente assim que eu sinto a Minha estória. O que você possa ter dito ou pensado pouco modificou a minha escolha de cores e a forma com que eu cuidei de cada pedacinho do começo, do meio e do fim. Da mesma forma, nada em sua aparência conseguiu influenciar a Minha construção e todas as coisas que eu esperei, esperava, espero dessa palavra tão cheia vazia de significados: amor. “Eu me perguntava se você era aquilo que eu via em você ou aquilo que eu queria ver em você.”
Noto que você continua abismado e com as mãos na cintura e eu tentarei ser mais clara nas minhas colocações. De fato, QUEM você é nunca foi algo assim tão relevante porque o que realmente importava era o fato de você ser um OUTRO. Um OUTRO que não era EU e, portanto, justamente por ser OUTRO, funcionava como algo exterior à mim, um alvo para tudo aquilo que ocupa de forma excessiva o dentro do meu peito.
Isso está ficando psicológico demais e sinto que o que eu estou tentando expressar não é tão hermético assim. Na verdade é tudo muito simples. As estórias, curtas, médias ou de longo-prazo são simples. As relações são simples. E é essa nossa tentativa de compreender que nos confunde tanto. Silêncio! Você está me confundindo. Peço que você escute, sem interpretar mais do que as minhas palavras querem dizer, a minha simples reflexão.
Não me olhe torto, o amor é egoísta. Na verdade, o que o outro quer ou pensa pouco importa. Assim como pouco importa se o outro te deseja de verdade. Claro, se duas pessoas se entendem na mesma freqüência isso facilita as coisas, simplesmente porque você conseguirá concretizar o seu ato de gostar. Mas, na verdade, o que realmente conta é o sentimento absolutamente individual de amar alguém, ou melhor, um outro. Por isso, meu tão querido, a Minha estória é o que mais importa nisso tudo e eu agradeço você por ter sido um outro que tenha me ajudado a concretizá-la.
Não faça essa cara de espanto. Tire as mãos da cintura. É claro que você foi importante, num sentido. Mas tenha certeza que se eu fosse outra e você também conseguisse depositar a Sua estória, você também se sentiria realizado. Realizado com o fato de poder estar dividindo a sua alegria com alguém. Alguém que não fosse você próprio.
E você se perguntará logo mais: então conhecer o Outro de nada vale? Ninguém é diferente? Eu poderia amar qualquer um?
Não. O amor não deve ser tão simples assim. Não pode ser que seja. Ah. E eu confesso ter ficado confusa com todas essas suas interferências! Você bem poderia ter ficado calado... Ah! Bom. Acho que só é possível ter um outro para dividir seu amor egoísta se, em algum instante, duas pessoas se encontram. E estamos cansados de saber como um encontro tem sido raro nesses tempos .
Fico satisfeita com a nossa conversa. Espero que tenha me compreendido. Se não compreendeu, isso também não há de ser um grande problema.
Agradeço pelo nosso encontro ter se dado. E fico muito feliz pelos girassóis no jardim.
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