domingo, 4 de outubro de 2009

Voar



Domingo, subindo uma rua com uma mochila nas costas.

Espera o sinal fechar.

A rua está vazia mas ele espera o sinal fechar.

Não há carros mas mesmo assim ele espera porque sabe que se atravessar é o fim.

Atravessa a rua vazia.

É atingido por um automóvel em alta velocidade que tem toda a razão. O sinal estava verde pra ele.

Ele tinha esse direito.

Atigindo por um carro em alta velocidade e arremessado metros de distância.

A mochila voa alto.

O automóvel não teve culpa. O sinal estava fechado pra ele.

O automóvel não freiou porque não tinha culpa. O sinal estava aberto pra ele.

Domingo, subindo, a rua, a mochila subindo, subindo, em alta velocidade.

Era uma aposta.

Uma aposta não prever mas suspeitar que podia ser o fim.

Era uma aposta, uma roleta russa.

Voando sem asas.

As pernas partindo as calças.

O sinal verde para o pedestre.

O sinal vermelho-fratura.

A mochila leve, leve.

A carcaça.

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