segunda-feira, 25 de abril de 2011

da mesma fonte

então eu vou deixar que você escorregue pelos meus dedos devagarinho, como água que escorre da mesma fonte e transborda. vou deixar que você solte as minhas mãos e saia caminhando leve pela chuva, deixando que a água, o mar, tudo exista em silêncio, em penumbra, em vastidão. vou deixar de apertar seus braços e soltá-los com cuidado, e então virar de costas, fechar os olhos, respirar fundo e permitir que você seja guiado pelos próprios passos, pelo próprio coração. vou deixar você ser esquecido e ser somente habitante de lembranças minhas, promessas desmedidas de um amor maior. vou observar você de longe enquanto mergulha no mar sozinho, enquanto molha os cabelos e promete coisas pra si e nada mais. vou deixar você se afundar em palavras ocas, em outros olhos, outros mares e que você se lembre de mim com ternura, como se fosse verão, como se fosse verdade, como se fosse alguma coisa um pouco mais que isso tudo que. vou fazer com que a gente exista de longe, como duas coisas que justamente por serem tão longes não foram capazes de existir. não vou chorar, prometo. não vou chorar mesmo.

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solto suas mãos para que você mergulhe em outros ares e que eu seja capaz de em outros mares navegar. 

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