segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Hébuterne. Talvez fosse isso...


Os dois olhos vazados na fotografia diziam que a brasa do cigarro tinha feito mais estrago que o previsto. Era uma segunda feira braba e eu não tinha muito controle do que entrava e saia de mim. Meses vivendo uma alegria besta de vaca, de carne, de vigília estúpida esperando mais felicidade, mais alegria, mais verdade deixando passar a hora de comer, a hora de tragar sem culpa o tempo.
Me virei para o lado tentando encontrar que horas eram. O som da cidade do lado de fora do apartamento tinha um som aquático, marinho e eu começava a naufragar antes mesmo de começar o dia. Sentei-me na cama como quem finge que precisa se lembrar o que aconteceu no fim de semana mas eu não queria. Mas era preciso por uma culpa estranha de não se lembrar de nada. O dia caminhava rumo ao começo da tarde e sempre que é assim (e isso tem acontecido várias vezes nos últimos meses) fica em mim a sensação de ter gritado toda minha raiva por tudo que eu não entendo entre a sexta e o domingo com todos os sons possíveis, toda a força do me ar, dos meus dedos, da minha vontade. Perdi meu final de semana gritando uma verdade que não conseguia me lembrar naquela segunda.
Ou era terça? Quarta?...Quinta...Sext.....

Um comentário:

  1. ufa, postagem sua!
    tava segurando as palavras pra desarosear um pouco o cinemamor. =)

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