quarta-feira, 18 de agosto de 2010

demodê


Cinco anos depois, no pós do pós do pós, tenho notícias suas. Logo agora, que me encontro aqui, no entre. No espaço que antecede o salto e já não é mais pouso. Se fosse música, eu estaria tocando em fermata.
Nossos encontros tornaram-se rasos com o tempo. Ocasionais, vazios de discurso. Melhor assim, não sei bem o que foi que nos ligou durante o tempo que éramos juntos.
Passou. 
Passou.
E agora, justamente agora que meu pé toca o entre - o mesmo entre que você pressentia cinco anos atrás e me falava, agressivo, que um dia ele chegaria - me vejo em emaranhados de trajetos. De rumos. Possibilidades. Perguntas. Dores de barriga. Não encontrei ainda um colo que te tirasse da referência maior. Mas sigo.
Só que hoje, cinco anos depois, na hora do almoço, tenho notícias suas. Notícias vindas de um pombo-correio inadequado. Um motivo pra sua ausência de delicadeza - por ela perdi minha vida. Lembra? 
Você não lembra. Claro que não lembra. Pois justamente agora entendo o trajeto que você nunca descartou. O suposto caminho do artista vago, impostor. A velha turma, o iê iê iê. Viver eternamente adolescente, nada é mais demodê.
É triste ver. Tanto fulgor pra nada, um caminho desperdiçado.
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Parabéns Pierrot, você continua um palhaço.

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