Sim, pra mim ainda é sim o amor que tenho por você. Não passa um dia que você não vem na memória, no bom dia, até a noite antes de dormir. O eco fantasma da memória me assombrando como se eu fosse um fugitivo, como se tivesse cometido um crime, mesmo depois de tanto tempo.
Pra mim a distância era uma pausa pra gente se reencontrar num lugar melhor, mas ler agora sua mensagem lançada ao mar há tanto tempo dizendo não, você não quer mais, não queria mais nossa amizade, chegou atrasada, logo eu que vivo longe do mar. E quando perto dele numa noite de ano novo de um ano ruim te mandei mensagem porque a pausa parecia longa demais deformando a forma da canção que eu esperava, chegasse logo ao refrão do que sempre foi bom em nós, não houve eco. Talvez não o eco que eu desejava. "Existirmos, a que será que se destina?" era a frase mágica, mas tudo já era sombrio demais e a luz dessas palavras não incendiaram nosso dom. E você disse que achava que as coisas foram o que tiveram que ser, mas pra mim as coisas deixaram de ser e ficaram de um jeito difícil de viver.
Me sinto a pessoa mais azarada do mundo como se também tivesse desaparecido como um fantasma do que eu era. Ruiu em mim as certezas e muito da imagem que construí pra ser eu e pra atravessar a vida com coragem. Nada cresceu ao redor, nunca mais fui o mesmo, mas sobre os escombros fiz uma casa modesta, mas segura.
Sigo espantado com a vida, canto porque só nele existo e choro todos os dias em silêncio. Também celebro a vida e sei que a sua agora deu frutos, fruta de sua própria árvore, carne do seu próprio sumo. Celebro sua continuação.
"Isn't it a pity
Now, isn't it a shameHow we break each other's hearts
And cause each other pain
How we take each other's love
Without thinking anymore
Forgetting to give back
Isn't it a pity"
Eu sinto que fui um cara ruim pra você. Porque você faz falta demais pra mim.